Uma pequena pausa na descrição dos lugares que visitei para contar peripécias ferroviárias da viagem.
A saída de Estocolmo teve seu momento de aventura. Para explicar, é bom saber que, mesmo quem tem o europasse, como eu tinha, é necessário fazer reserva antecipada de assentos. Às vezes é gratuita, às vezes custa uma pequena taxa. No trecho entre Estocolmo e Oslo havia uma taxa e eu disciplinarmente fiz minha reserva um dia antes.
Ao chegar na estação, comprei água e alguma coisa para comer na viagem e, enquanto isso, com mochila nas costas, bolsa a tira-colo e empurrando mala de rodinha, coloquei o cartão da resrva no bolso da frente, para não perder. Olha só como é bonita e grande a Estação Central de Estocolmo:
Subi para a plataforma pela escada (elevador quebrado) e fiquei feliz por estar lá com meia hora de antecedência. Até lembrei da minha aventura na Polônia, em 2009, quando passei por uma correria louca até achar a plataforma, pois tudo estava escrito em polonês. Mas dessa vez, tudo estava bem. Cheguei cedo, a plataforma era essa e o cartão de reserva estava... ops!
Caiu do bolso.
Com a mochila nas costas, bolsa a tira-colo, empurrando a mala de rodinha, desci as escadas e corri pelos corredores apinhados de gente (era ali também o acesso ao metrô). Eu até olhava para o chão, na esperança de ver o cartão caído, mas meu objetivo era chegar nos guichês de reserva e comprar outra. Só que nessa de olhar pro chão, acabei perdendo a escada de acesso ao piso superior e aquela gente toda não parava de andar apressada para que eu pudesse me localizar! Quase gritei "PAREM!"... mas simplesmente voltei, refiz o caminho e finalmente achei a escada.
Subi, corri pelo saguão “bonito e grande” da foto lá de cima e cheguei nos guichês. Pedi licença para furar a fila e a moça simpaticamente me pediu para esperar apenas que ela atendesse a próxima senha. Durou uma eternidade, mas ela me atendeu. Expliquei o ocorrido e ela disse que eu teria que pagar nova reserva. Sem problemas! Isso era o de menos. Falta 15 minutos pro trem sair, moça!
Mas ela achou algo estranho na tela do computador e chamou o supervisor. Os dois conversando em sueco na minha frente, àquela altura, parecia que eles tinham descoberto que eu era foragido da lei e que estava tentando burlar a rígida legislação sueca através do abominável ato de fazer uma segunda reserva...
Mas era simplesmente porque ela localizou a minha reserva anterior e perguntou ao supervisor se eu precisava fazer outra. Não precisava. Ela reimprimiu e eu não precisei pagar nada. Como aqueles cabelos loiros dos suecos às vezes parecem cabelos de anjo, né?
Com a mochila nas... aaahhh... embarquei e o trem partiu!
Antes de eu escrever a frase acima, outros acontecimentos merecem relato nesse post. Aliás, eu ia contar essa história acima e já falar dos fiordes noruegueses, mas os últimos fatos me fizeram mudar para um post sobre experiência adquirida em viagens de trem.
Eu estou escrevendo no trem de Oslo para Bergen, última parada na Escandinávia, antes de seguir o caminho de volta pra casa.
A chegada e a saída de Oslo está temporariamente afetada por obras gigantescas na região da estação central. Assim, você desembarca na última estação antes dela e lá há ônibus que fazem o restante do trajeto. Para sair, a mesma coisa. Mas as coisas não são assim tão organizadas... pode dar certo no final, mas a gente sente uma insegurança enorme enquanto não está sentado no seu lugar dentro do trem certo.
Com a aglomeração de gente e a tal desorganização aparente, a saída dos ônibus atrasou quinze minutos esta manhã. O trem esperou, é claro, mas isso faz a gente correr e esquecer algumas regras básicas em se tratando de embarcar num trem. Primeiro, certifique-se de que está no vagão certo. Se não tiver certeza, pergunte para alguém.
Eu vi o painel eletrônico do vagão e achei o meu rapidamente. Subi, guardei a mala de rodinha, tirei a mochila das costas e sentei no assento número 56 com a bolsa a tira-colo. Passado um tempinho, um senhor disse que eu estava no lugar dele. Mostrei meu cartão e ele disse que eu estava no vagão errado... e o trem começou a andar.
Olha, eu não sei os nomes certos, mas vou tentar explicar. Alguns trens mais modernos são formados por grandes vagões que se dividem em vagões menores. Esses vagões menores são numerados e dentro deles há os assentos, também numerados. A numeração dos assentos é seqüencial dentro de cada vagão grande e recomeça de um para outro. Ou seja, tinha assento número 56 nos dois vagões grandes daquele trem. O detalhe é que entre os vagões pequenos você circula livremente. Mas não há passagem entre os vagões grandes.
Assim, eu tive que esperar a próxima parada para ir até o meu lugar. Mas e a bagagem? Certamente não daria tempo de pegar tudo e trocar de vagão. Deixo aqui e pego quando chegar no destino, onde a parada é sempre mais longa. Estava decidido!
Chegamos na estação e eu troquei de vagão. Precisei dar uma corridinha básica, o que apenas me deu certeza de que não dava pra pegar a bagagem. Instalei-me no meu assento 56, liguei o notebook e escrevi a historinha sobre a estação de Estocolmo, que vocês leram acima. De repente, ao parar na estação seguinte, todo mundo se movimentou com bagagens e eu pensei: deve ser um lugar bem turístico, pra tanta gente descer... vou anot... ops!
Bem que eu ouvi que teria mais um trecho em que teríamos que trocar o trem pelo ônibus. Meu cérebro só não tinha entendido (do inglês do auto-falante) que não seria no fim da viagem e sim... agora!
Meu deus! E a minha bagagem?
Agora a corridinha não foi tão básica assim. Fechei o notebook, catei as coisas que tinha tirado da bolsa e saí correndo até o outro vagão, segurando tudo fora da bolsa, inclusive notebook, câmera, iPod... pra que tanta tecnologia, meu deus?
Mas o desespero nem era tão necessário, pois cheguei lá e os últimos ainda estavam desembarcando. Mas e o medo do trem andar e levar embora minha mala de rodinhas e a minha mochila, com tudo dentro? E assim, peguei a bagagem e me juntei aos demais...
Depois, foi só entrar no ônibus, descer, entrar no outro trem, procurar o assento 56 e relaxar até Bergen. Foi o que eu fiz! Aliás, não só relaxar... deu tempo de terminar esse relato... ;-)
Viajar de trem pela Europa é sempre uma diversão. Você tem que passar por isso um dia!
Quer dizer, talvez lendo essas experiências aqui no blog, quem sabe você tenha menos tensão e mais prazer... ou vai dizer que as vistas abaixo você teria viajando de avião:
Detalhe: estamos no auge doverão aqui... mas nessa altitude que o trem passa há muita "neve eterna" |
No próximo post falo de Alesund e os fiordes.
Até!
Cara, cada vez que pego trem na europa a sensação é a mesma.. "será que estou no trem e no vagão certo?" a gente confere um monte de vezes ha ha ha
ResponderExcluirAbraços
Angelino
Caracaaa!! Que divertido.
ResponderExcluirOs posts sobre as estações de trem da europa são os que eu maisss gosto!!!!
rsrsrsrs
Marceli.
Hahaha! Adorei o post! Sofri e ri muito lendo ele. Parabéns!
ResponderExcluirAndréa (@Dea_Sales)
Olá Junior , tudo bem?
ResponderExcluirPrimeiro parabéns pelo blog!
Estou com viagem marcada para Noruega ... estou fazendo tudo sozinho e cheguei num impasse ... escolhi chegar em Alesund para ficar proximo de um fiorde que ouvi falar bem ... geiranger ... porém não sei se me hospedo em Alesund ou me hospedo neste fiorde. Vi que leva cerca de 2h de Alesund para lá , mas não encontrei transporte para isso ... são 108km sabe se existe alguma maneira de fazer este trajeto sem precisar alugar um carro ?
Olá Fabio! Obrigado pela visita e pelo elogio. Receber comentários aqui me faz ter um desejo enorme de voltar a escrever...
ExcluirMas vamos às suas perguntas. Primeiro, eu certamente ia preferir ficar em Geiranger do que em Alesund. A cidade é simpática, mas não tem nada de mais.
Sobre chegar em Geiranger, dê uma olhada nesse post que conta o passeio em um cruzeiro de um dia e que chega lá (é a primeira parada): http://jrviajando.blogspot.com.br/search/label/Fiordes
Claro que sai mais caro, mas ir pela água é o diferencial.
Se, por outro lado, você já vai fazer um cruzeiro em outro dia, então o jeito é pesquisar pelo trajeto de ônibus. Aqui nesse site (https://www.visitnorway.com.br/onde-ir/noruega-dos-fiordes/geirangerfjord/) eles falam que há ônibus de Andalsnes "que cobrem o trajeto da Estrada da Montanha Trollstigen até Valldal e Geiranger durante o verão".
Não fica muito claro se você tem que ir até Alesund primeiro ou vai direto de lá. Mas você pode tentar perguntar por email pra eles.
Espero ter ajudado!
Depois volte e conte como foi a experiência!
Abraço e boa viagem!