sábado, 24 de outubro de 2009

Veneza do amanhecer ao anoitecer. (13º e 14º Dias)

Cheguei em Veneza com o dia amanhecendo. Depois de uma viagem noturna pouco confortável, dividindo a cabine do trem com outras 3 pessoas, chegar de manhã numa cidade é reconfortante.



Deixei a mala grande na estação e logo peguei o "ônibus" para a Praça de São Marco, perto do hotel. As aspas do ônibus obviamente estão ali porque em Veneza o transporte é todo por água. O tal coletivo é o chamado "vaporetto", que tem várias linhas e funciona como um metrô de superfície... da água!

Qualquer cansaço causado pelo desconforto da viagem desaparece com as paisagens venezianas. Dê uma olhada:




Deixei minha bagagem no hotel e saí caminhar. Eram perto das dez horas da manhã e a Praça de São Marco começava a encher de turistas. E encheu. Muito!



Logo vi que Veneza não é um lugar para passeios tranquilos... É preciso se organizar para tentar fugir da multidão. Tirei algumas fotos da praça, aliás, muito fotogênica, em todas as direções. Veja:








Visitei o museu que existe na praça, com um pouco da história de Veneza e uma coleção de obras de arte desde a Idade Média, especialmente pinturas sacras e retratos, incluindo obras de Tintoretto e Antonio Canova.

Mas o melhor de Veneza, sem dúvida, foi andar sem rumo. Eu li que é muito fácil se perder nas ruas estreitas entre os inúmeros canais da cidade. Pelo menos até onde fui, isso não é verdade. É verdade que não adianta muito seguir um mapa, pois são muitas ruas e todas muito pequenas, mas nas esquinas principais há sempre uma sinalização indicando o caminho da Praça de São Marco ou da Ponte do Rialto ou ainda da Estação de Trem.

Andei muito. É impressionante a quantidade de turistas que se aglomeram pelas ruas, fazendo um vai-e-vem constante. No meio do caminho, muitas lojas, de poderosas grifes a souvenirs. Máscaras e cristais de Murano existem aos montes a cada passo. Docerias também estão em todo canto...




Qualquer caminhada por Veneza te levará a inúmeras pequenas praças, quase sempre com uma igreja e alguns cafés ou gelaterias (que vendem "o" sorvete!).

Nos cafés é comum pedir uma taça de vinho para degustar no balcão ou conversando em pé na calçada. Às vezes pede-se um "panini" para acompanhar, um sanduíche de presunto cru ou mozzarella... ai, ai...

Entre um sorvete aqui e uma taça de vinho ali, a tarde passou rápido. Detalhe: foram mais taças de vinho do que sorvetes! hehehe...







Ao final da tarde resolvi voltar ao hotel e descansar um pouco, pois a noite não dormida de repente deu sinal! Mas não consegui ficar muito tempo no quarto. Apesar da vista do quarto para um "estacionamento" de gôndolas (ver foto abaixo), eu queria sentir mais o clima de Veneza.




Saí novamente e agora o entardecer deixava tudo ainda mais bonito.




Foi uma experiência maravilhosa conhecer a cidade no amanhecer e agora vê-la sendo coberta pelo manto da noite... ops! descuido poético-piegas... é o clima veneziano...





Procurei um restaurante para jantar. Difícil era escolher, diante de tantas opções. Escolhi primeiro um bistrô muito simpático, com cardápio apetitoso e preços razoáveis (um pouco acima da média). Mas não fui só eu que achei simpático. Não havia mesas livres sem reserva.

Procurei outro e entrei num restaurante um pouco mais turístico, mas também simpático. Os preços eram melhores do que o bistrô, mas condizentes com o custo de Veneza, uma das cidades mais caras que já visitei.

Comi um "bucatini al frutti di mare", como primeiro piatto:



...e uma cotoleta acompanhada de "contorni", ou seja, uma carne de vitela grelhada acompanhada de legumes diversos, também grelhados...


e pra beber, vinho, é claro!


Depois do jantar, voltei à Praça de São Marco para ver o que acontecia. Foi muito divertido!

Existem alguns cafés na praça que têm pequenas orquestras tocando durante todo o dia para atrair fregueses para as mesas dispostas na calçada.

Acontece que os preços que esses cafés cobram são proibitivos para 78,9% dos turistas, mesmo os que vêm a Veneza. Um café custa 5 euros e você tem que pagar o couvert artístico, de EUR 5,70. juntando a gorjeta do garçon, um cafezinho nesses "butecos" não sai por menos de 12 ou 13 Euros... nada mal, não?

Por isso as mesas ficam assim:


Mas as orquestras continuam tocando e à noite duas delas revezavam, fazendo a alegria de centenas de pessoas que assistiam, em pé, fora da área das mesas, os pequenos concertos. E os músicos, que gostam de aplauso, faziam a maior festa com eles. Foi muito legal passar algum tempo andando com a pequena multidão de uma orquestra a outra tentando escolher qual a melhor ou a mais divertida.

E os garçons... sem fregueses (e lá no fundo, o povão se divertindo aos montes!)


Assim encerrei o dia. Votei ao hotel e dormi logo. Amanhã ainda quero explorar um pouco mais dessa cidade.

Nesta noite começou o horário de inverno na Itália. Os relógios foram atrasados em uma hora, o que me permitiu acordar ainda mais cedo do que pretendia. Saí do hotel, depois do café, antes das 8h30.

E valeu a pena. Aquela multidão que invade os centímetros quadrados disponíveis acorda, na média, depois das nove da manhã. Assim, a cidade era só minha:











Caminhei no sentido oposto ao de ontem, à procura de uma Veneza mais autêntica. Menos turística, eu quero dizer. Durante o jantar de ontem, na mesa ao lado, havia duas mulheres que conversavam sobre a cidade. Uma delas disse que gostaria de conhecer Veneza "quando ainda era uma cidade". A outra não entendeu e ela explicou: "Hoje Veneza não é mais uma cidade. É um espetáculo para turistas." As mulheres eram brasileiras e eu permaneci incógnito.

Não concordo com ela. Tá certo que muito aqui gira em torno do turismo, mas igual a outros lugares do mundo. Tá certo também que em nenhum outro lugar eu vi concentração tão grande de turistas ao mesmo tempo, mas isso também tem a ver com as dimensões restritas das ruas e das áreas não alagadas da Praça de São Marco.

Mas e as pessoas que moram aqui? Trabalham aqui? Quando cheguei, como era bem cedo, pude perceber que quem andava pela cidade não era turista. Eram pessoas indo ao trabalho, carregadores de mercadorias para lojas, mercados, enfim, a vida de uma cidade!

E, apesar de ser domingo, foi assim que vi Veneza no meu segundo dia por aqui. Veja só:









Meio dia voltei ao hotel para fechar a conta e partir. O caminho de volta já não foi tão vazio como na ida...



Na volta à estação, no "vaporetto", ainda tirei mais fotos, simplesmente apontando a máquina e clicando...






Assim foi Veneza. Um delicioso passeio de um dia e meio. Vou embora com gostinho de quero mais. Principalmente porque pude ver a cidade de Veneza e não só o espetáculo para turistas.


Hoje volto a Milão, fechando o ciclo iniciado no dia 13 de outubro, quando saí de lá direto para Praga. Serão dois dias e meio até embarcar para o Brasil e voltar pra casa. Na programação oficial, apenas um compromisso. Mas é "o" compromisso: uma noite de ópera no La Scalla de Milão, o templo máximo da ópera mundial!

No mais, descansar e preparar a mala para voltar.

Já deu saudades...

Até!

8 comentários:

  1. UAU! Que oportunidade ímpar. Meu herói! Isso sim é que é conhecer novos lugares: ir em busca do autêntico, do dia-a-dia do local. Mesmo com tão pouco tempo você conseguiu ver um lado da cidade que muito pouca gente tem a presença de espírito para buscar.

    Que delícia! E ainda por cima dividir isso com a gente. E as diferenças de quando você foi para agora? Muita coisa alagada ou estão conseguindo manter?

    Mais uma vez, MUITO OBRIGADA! Até loguinho.

    bjs.

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  2. JU, QUE DELICIA DE VIAGEM!!!NEM TIVE MUITO TEMPO PRA DEIXAR MINHAS IMPRESSOES NESSE BLOG,POIS ESSE MES TRABALHEI MAIS QUE O ANO TODO ...MAS VAI AI MEU MUITO OBRIGADO , POIS VIAJAMOS JUNTOS...NE...MARAVILHA, CONTINUE ASSIM, BEIJOS E BOM RETORNO...ATE. IVE

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  3. Aclélio, Veneza é mesmo muito bonita e interessante, apesar das hordas de turistas. Tudo nos cafés da Piazza San Marco têm preços absurdos, como você descreveu. Mas como não se está em Veneza a toda hora, a gente acaba fechando os olhos e se entregando a pequenos prazeres que, apesar de não se tratar de Mastercard, não têm preço, né? Quando a visitei, gostei de tudo, até do calor que, na ocasião, era quase insuportável. Os teus relatos, com os devidos detalhes, são demais! Abraço e até.

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  4. Querido obrigada pela oportunidade...amei ver lugares novos e revisitar outros.
    Um bom retorno.Rosana

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  5. Puxa!!! Já acabou??? Tava tão bom viajar com vc...
    Mas tudo bem... agora vem as histórias que vc vai nos contar pessoalmente né... e além do mais... já estávamos com saudades.

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  6. Aclelio
    Você é demais! Consegue, com riqueza de detalhes, nos transportar com você pra todo lado que vai!!
    Me senti em Veneza! Maravilhoso seu relato e as fotos então, incríveis!
    Parabéns e bom retorno!
    Denise

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  7. Aclélio,

    Tudo que relatou deu uma saudade enorme. Relembrei cada pedaço que visitei. Beijos e boa viagem...

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  8. ACABOU?? Ah não, fica por ai! Estava tão bom viajar um pouco... Ei, fiquei sabendo que a Copel vai entrar em greve, acho que dá pra vc ficar mais um tempo por ai! hahahah To brincando!

    Um beijo e boa viagem!!

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