sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Outono de Praga! (3º Dia)

Tá, eu sei... o título foi um trocadilho bobo com a famosa "Primavera de Praga", tão bem retratada pelo escritor tcheco Milan Kundera em "A Insustentável Leveza do Ser". Mas não resisti. Principalmente porque começo o relato de hoje falando do clima.

O frio parece ter chegado pra valer. E o tempo está muito úmido. Um vendedor de uma loja de cristais me disse que há previsão de neve para essa semana. Será? Eu mereço tanto? Ver essa cidade com neve será um "algo a mais" na viagem.

Dá uma olhada no tempo na quarta-feira:




Meu primeiro programa do dia era fazer o reconhecimento da estação onde pegarei o trem para Cracóvia, no sábado. Queria já ficar livre disso e passar a semana tranquilo (cada vez que escrevo essa palavra sem trema me sinto um argentino... tranquilo, tranquilo, hermano...). Na verdade, eu precisava saber onde fica a estação, ver onde peço para validar o europasse e reservar um assento no trem de sábado.

Achar a estação foi fácil. O metrô para (do verbo parar) dentro dela, então o primeiro problema tá resolvido. O segundo demorou um pouquinho mais, pois eu sou do tipo que prefere procurar muito antes de perguntar pra alguém. E achei! Só que o resto não dava pra descobrir sem perguntar. Bem, descobri que não é necessário reservar um assento e que tem um trem saindo às 14h09 com a viagem durando 7 horas e meia. O que eu tinha visto na internet saía às 21h09 e demorava duas horas a mais. Prefiro viajar de dia, então, assunto resolvido!

Saí da estação e caminhei por uma parte mais moderna do centro de Praga. Lojas, restaurantes, ruas largas... quase parece uma cidade normal, não fosse o fato de virar uma esquina e dar de cara com uma rua estreita e uma construção de mais de 800 anos. Ainda no centro resolvi fazer um city tour para dar uma geral nas atrações turísticas. É sempre aconselhável quando você não conhece a cidade, pois você vê quase tudo rapidamente e depois pode escolher o que quer ver com mais profundidade.

Passamos pelas cinco áreas principais da cidade: Cidade Velha (Staré Mesto), Cidade Nova (Nové Mesto), Bairro Judeu (Josefov), Malá Strana e Castelo de Praga. Todas elas podem ser exploradas a pé, mas não no mesmo dia, é claro. Pela história de Praga entende-se que quatro delas - a Cidade Velha, a Nova, Malá Strana e Castelo de Praga - eram pequenas cidades independentes e que foram unificadas em 1748 formando com o Bairro Judeu o que hoje chamamos de Praga.

Num resumo à moda do city tour, tem-se:
Cidade Velha: é o coração da cidade. Seu ponto principal é a Praça da Cidade Velha (Staromestské námestí), a partir de onde foram construídas casas e igrejas, criando um labirinto de ruas estreitas e tortuosas. Há muitas lojas de souvenirs e restaurantes. Aqui uma foto da Praça, local de movimento constante de turistas e cidadãos de Praga.



Cidade Nova: é realmente mais novinha. Foi fundada só em 1348... Mas foi quase toda demolida e reconstruída no século 19 e por isso tem aparência mais nova, com arquitetura "art noveau" predominando. Tudo gira em torno da Praça Venceslau, que parece uma Rua das Flores em tamanho bem maior. Numa das pontas está o Museu Nacional, imponente, no alto de uma colina, e do outro uma das ligações com a Cidade Velha.

Por enquanto, pra representar a Cidade Nova, só tenho uma foto noturna no Museu Nacional (perdoem-me pela qualidade):


Malá Strana: é o lugar mais charmoso da cidade. Fica logo abaixo da colina onde foi construído o Castelo de Praga e hoje abriga a maioria das embaixadas de outros países na República Tcheca. Tem restaurantes descolados, lojinhas mais "cult" e ruelas agradáveis.



Castelo de Praga: não é só um castelo. É o local onde começa a história de Praga, no século 9º. Consiste em palácios, igrejas e um povoado que se formou à sua volta. Passou por várias reformas, inclusive uma reconstrução total, em estilo renascentista, depois de um incêndio em 1541 (enquanto isso, no Brasil reinavam as Capitanias Hereditárias...). Hoje o castelo é também a sede do Governo da República, além de conter a maior catedral do país.



Bairro Judeu: emblemático, como o próprio nome diz. Confesso que estranho um pouco manterem o nome assim, em tempos em que o politicamente correto é não segregar nada nem ninguém. Mas acredito que seja só por questões turísticas, pois o nome em tcheco é Josefov, em homenagem ao Imperador José II que combateu a discriminação, em 1784 (!). Isso mesmo! Ao contrário do que se possa pensar, o bairro não foi separado pelos nazistas. Na Idade Média eles já eram discriminados, sendo constantemente massacrados. Pouca coisa restou dessa época, pois os antigos cortiços do gueto judeu foram demolidos no início do século XX, por questões sanitárias. Restaram algumas relíquias como sinagogas e o cemitério judaico, atrações turísticas de primeira linha.



E esse foi o city-tour. Não se engane que eu não aprendi tudo isso com o guia "falante". Foi com o impresso mesmo... hehe... O falante fez o tour em dois idiomas: inglês e alemão. E falava tão devagar que chegava a dar sono. Mas valeu a pena pela visão geral. Amanhã, com certeza, vou voltar ao Castelo de Praga!

Mas o dia não acabou. Vi em alguns cartazes pela cidade que a programação de concertos é óperas é vasta. Perguntei num centro de informações turísticas sobre ingressos para a Ópera Estatal, mas ele não sabia se tinha pra hoje.
Eram 18h10 e o espetáculo começava às 19h. Nada que um metrô não resolva. Às 18h30 eu estava no teatro com ingresso comprado!

Assisti a uma apresentação da ópera Turandot, de Giacomo Puccini. Teatro lindíssimo, todo em veludo vermelho e dourado. Veja uma foto interna logo abaixo. Pra quem não está familiarizado com as obras do canto lírico, faz parte dessa obra uma das árias mais famosas e populares: Nessun Dorma.



De alma lavada, o corpo cansado e o estômago roncando, voltei para a Cidade Velha. Entrei num restaurante na praça principal e pedi logo um Goulash! É o prato mais típico da cidade. Meeeeuuuuu... é de comer de joelhos! Carne cozida com cogumelos frescos, ervilhas, cebola e condimentos. Tudo isso forma um molho espesso e saboroso. Acompanhado por uma espécie de pão recheado e fatiado, super-macio. Pra beber... cerveja, é claro!



Muito bem alimentado (e com pouco carboidrato...hehe), voltei andando para o hotel. Dormi feito anjo... ufa!

Obrigado pelos comentários de ontem! Eu adoro viajar tanto quanto adoro compartilhar minhas viagens. Que bom que estão gostando! Amanhã tem mais.

Até.

4 comentários:

  1. Junior

    Comendo desse jeito, vê se não engorda muito. Tenho uma certa inveja de você. Abraços

    Guido

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  2. Nossa, que coisa mais linda. Tanto os lugares, quanto os pratos e até as louças, haha. Até me senti um pouco aí, sabe? E vou continuar só "me sentindo" por um bom tempo! Adorei. Ah, e em Curitiba, adivinha: chuva, chuva, chuva. Talvez o tempo esteja melhor quando você voltar. Beijos, se cuida e aproveite muito!

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  3. Jr...mesmo lendo atrasada, tá uma delícia viajar com vc!!!!
    Saudades

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  4. "eu sou do tipo que prefere procurar muito antes de perguntar pra alguém""
    Sou igualzinha!
    Praga é minha cidade preferida na Europa. Adoooro!
    Delícia de texto!
    Parabéns!

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