segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Il viaggio è finito... de volta ao início: Milão! (15º, 16º e 17º dias)

Milão, aqui estou de novo, para uma pausa antes de encerrar essa viagem.
Cheguei na cidade perto das 17 horas. A viagem de Veneza foi muito tranquila, num trem rápido. Cheguei na estação e logo procurei o metrô, indo direto para a estação que fica a uma quadra do hotel. Dessa vez levei toda a bagagem comigo.

Na noite do domingo dei apenas uma caminhada pela praça do Duomo e logo voltei ao hotel para jantar. Havia um menu sugerido pelo chef por um preço convidadivo e incluía o vinho. Valeu a pena. Uma comida realmente saborosa: lasanha, mignon e fritas. Veja só:



Na segunda-feira dormi até mais tarde, tomei o café do hotel e saí. A cidade de Milão não é o que se pode chamar de grande destino turístico. Exceto a catedral (il Duomo), a Galeria Victorio Emanuelle, a Santa Ceia de da Vinci e o teatro La Scalla, não há outros grandes atrativos.

A não ser, é claro, que você seja aficcionado pelo mundo da moda e tenha os bolsos cheios. Aí, sim! Milão é o paraíso. Digamos que esse não é o meu caso, apesar de saber apreciar o que é bonito... hehe

Concentrei-me nos pontos principais e gastei o resto do tempo andando pelas ruas de compras, só olhando. No início da viagem já havia visitado a Santa Ceia de da Vinci. Desta vez, então, me aprofundei na visita ao Duomo e fiz meu programa mais esperado: assisti a uma ópera no Teatro La Scalla.

Vamos por partes. No Duomo, comecei pelo telhado. Subindo cerca de 150 degraus (ou pagando um pouco mais e indo de elevador), você pode passear pelo telhado gótico da catedral. Além de belas vistas da cidade, os detalhes das estátuas e da rebuscada decoração da catedral rendem um belo passeio. Veja algumas fotos:











Depois do telhado, fiz o passeio pelo interior da catedral, desta vez com um audio-guia que te dá as principais informações históricas. Independente das capelas laterais e dos vitrais impressionantes, o que mais enche os olhos é a imponência das 52 colunas que sustentam as naves da igreja. Representando as 52 semanas de um ano, as colunas de mármore róseo são hipnotizantes.





Depois dessa visita à catedral, saí caminhando pela Galeria Vitorio Emanuelle II, que fica na mesma praça, dividindo a preferência dos turistas. É uma construção imponente, cuja concentração de pessoas passeando, comprando ou tomando um café é constante das primeiras às últimas horas do dia. Veja fotos:






No extremo oposto à praça do Duomo, a Galeria encontra a Praça do La Scalla, o teatro de ópera mais famoso do mundo. Falarei dele mais tarde...
Mas seguindo a rua do teatro em direção à Estação Central, você chega no chamado Quadrilátero d'Oro, ou quadrilátero dourado.

É a região delimitada por quatro ruas principais e outras secundárias onde há a maior concentração de griffes por metro quadrado que se tem notícia. É aqui que os endinheirados se aglomeram para conhecer - e comprar - os últimos lançamentos (últimos mesmo!) de Armani, Gucci, Dolce & Gabanna, Chanel, Prada, entre outros.

O passeio vale pela produção das vitrines e por se divertir diferenciando as pessoas que estão ali para comprar das que estão só de curiosas... como eu! Tirei algumas fotos, mas às vezes dava medo da cara dos seguranças... hehe









Do quadrilátero voltei caminhando para o hotel, pois à noite tinha a ópera no Scalla.
Saí um pouco mais cedo para jantar antes do teatro. Escolhi um dos restaurantes da Galeria Vitorio Emanuelle e saboreei, de novo, um ossobuco de vitela com risoto milanês... isso é uma delícia, acredite! Antes, como entrada, outra instituição italiana: prosciutto crudo e mozzarela de búfala. Apetitoso, não?





Do restaurante, fui direto para o teatro. Cheguei meia hora antes do início, só para curtir cada momento. A fachada do teatro é instigantemente sóbria. Não tem absolutamente nada que faça imaginar a suntuosidade de seu interior.



E lá dentro, um arrepiozinho de prazer ao imaginar todas as estrelas máximas da ópera e da música clássica que por ali passaram. Da diva Maria Callas ao "divo" Paravarotti. De Beniamino Gigli a Caruzo.

E os compositores? Hoje são estátuas de Rossini, Verdi, Donizetti e Bellini que decoram o saguão principal. Mas em outros tempos, eles andavam por aqui nervosos antes da estréia de suas obras ou recebendo os cumprimentos por sua genialidade.

E hoje, eu estava aqui. Passei pelo saguão, entreguei o ingresso que havia comprado há mais de um mês e recebido em casa, pelo correio. O saguão é razoavelmente pequeno, com quatro colunas em estilo coríntio, cujos capitéis dourados reluzem à luz das inúmeras lâmpadas de dois enormes lustres de cristal.

Mas o saguão ainda não traduzia a suntuosidade do auditório. Subi a pequena escada em direção à platéia, onde ficava o meu lugar, e curti cada degrau que eu pisava. Furtivamente tirei uma foto, tentando demonstrar qual foi a minha primeira visão do interior do teatro:



Digo furtivamente porque fotos não eram permitidas. Lembram do meu incômodo no concerto de Viena sobre a liberalidade com fotos e flashes? Pois é... aqui, no Scalla de Milão, a formalidade impera. E quer saber... não me incomoda nem um pouco!
Tirei ainda mais duas fotos, antes que um dos recepcionistas me repreendesse...




Guardei a câmera e o resto foi prazer. Alguns podem achar que estou exagerando, mas foi a acústica mais perfeita que pude experimentar num teatro. Eu estava sentado próximo das últimas fileiras e a sensação é que eu estava ouvindo um CD de ópera com fone de ouvido. Pode rir. Foi exatamente essa a sensação que eu tive.

O som da orquestra, a voz dos cantores, tudo era perfeito. A música não era conhecida, pois a ópera Idomeneu não está entre as mais populares, mas o compositor é Mozart e a qualidade musical está assim atestada.



Enfim, foi uma noite memorável. Meu objetivo em Milão estava cumprido e agora bastava esperar a hora de ir embora!

E foi praticamente o que fiz. No dia seguinte, caminhei por outras áreas da cidade, como o bairro de Brera e o Parque Sempione, onde fica o Castelo Sforsesco, uma fortaleza medieval muito bem conservada que hoje abriga alguns museus. Veja fotos:








À noite, resolvi procurar um restaurante típico para fazer meu último jantar desta viagem. Escolhi a Trattoria Milanese, pois, pelo guia, era típica e de cozinha excelente. E estavam certos!

Pedi um tagliatelli al pomodoro como primo piatto...



E um cotoletto alla milanese para secondo piatto. O engraçado aqui é que na hora de pedir eu pensei: "vou pedir essa carne alla milanese para saber o que é tipicamente milanês". Quando o prato chegou, deu vontade de rir, pois em Milão, alla milanese é exatamente a mesma coisa que à milanesa no Brasil... hehe. Mas valeu a pena. Estava tenra, crocante, deliciosa!



E o acompanhamento do prato, sugerido pelo garçon, estava divino. Aspargos frescos salteados na manteiga e no parmesão.



Para beber, vinho, é claro!



Como era o último jantar da viagem, esbanjei, esnobei e exagerei: para sobremesa, na Itália, um legítimo tiramisú... acompanhado de um vinho licoroso, também sugerido pelo garçon e biscoitos de amêndoas, que deveriam ser molhados no vinho, conforme explicado pelo garçon...




Ai, ai... fechei com chiave d'oro as minhas explorações gastronômicas.

E foi assim. No dia seguinte, quarta-feira, dia 28 de outubro de 2009, arrumei a mala, fechei a conta do hotel, saí para uma última caminhada e, pra acabar sugestivamente...



Saboreei essa legítima pizza italiana e fui pro aeroporto.

Il viaggio è finito!



Obrigado pela companhia e em breve pretendo publicar os detalhes do planejamento, com os sites que usei nas reservas e nas pesquisas que fiz durante os meses que antecederam.

Mas por enquanto, só posso dizer: até a próxima!

E vai ser logo, acredite!

sábado, 24 de outubro de 2009

Veneza do amanhecer ao anoitecer. (13º e 14º Dias)

Cheguei em Veneza com o dia amanhecendo. Depois de uma viagem noturna pouco confortável, dividindo a cabine do trem com outras 3 pessoas, chegar de manhã numa cidade é reconfortante.



Deixei a mala grande na estação e logo peguei o "ônibus" para a Praça de São Marco, perto do hotel. As aspas do ônibus obviamente estão ali porque em Veneza o transporte é todo por água. O tal coletivo é o chamado "vaporetto", que tem várias linhas e funciona como um metrô de superfície... da água!

Qualquer cansaço causado pelo desconforto da viagem desaparece com as paisagens venezianas. Dê uma olhada:




Deixei minha bagagem no hotel e saí caminhar. Eram perto das dez horas da manhã e a Praça de São Marco começava a encher de turistas. E encheu. Muito!



Logo vi que Veneza não é um lugar para passeios tranquilos... É preciso se organizar para tentar fugir da multidão. Tirei algumas fotos da praça, aliás, muito fotogênica, em todas as direções. Veja:








Visitei o museu que existe na praça, com um pouco da história de Veneza e uma coleção de obras de arte desde a Idade Média, especialmente pinturas sacras e retratos, incluindo obras de Tintoretto e Antonio Canova.

Mas o melhor de Veneza, sem dúvida, foi andar sem rumo. Eu li que é muito fácil se perder nas ruas estreitas entre os inúmeros canais da cidade. Pelo menos até onde fui, isso não é verdade. É verdade que não adianta muito seguir um mapa, pois são muitas ruas e todas muito pequenas, mas nas esquinas principais há sempre uma sinalização indicando o caminho da Praça de São Marco ou da Ponte do Rialto ou ainda da Estação de Trem.

Andei muito. É impressionante a quantidade de turistas que se aglomeram pelas ruas, fazendo um vai-e-vem constante. No meio do caminho, muitas lojas, de poderosas grifes a souvenirs. Máscaras e cristais de Murano existem aos montes a cada passo. Docerias também estão em todo canto...




Qualquer caminhada por Veneza te levará a inúmeras pequenas praças, quase sempre com uma igreja e alguns cafés ou gelaterias (que vendem "o" sorvete!).

Nos cafés é comum pedir uma taça de vinho para degustar no balcão ou conversando em pé na calçada. Às vezes pede-se um "panini" para acompanhar, um sanduíche de presunto cru ou mozzarella... ai, ai...

Entre um sorvete aqui e uma taça de vinho ali, a tarde passou rápido. Detalhe: foram mais taças de vinho do que sorvetes! hehehe...







Ao final da tarde resolvi voltar ao hotel e descansar um pouco, pois a noite não dormida de repente deu sinal! Mas não consegui ficar muito tempo no quarto. Apesar da vista do quarto para um "estacionamento" de gôndolas (ver foto abaixo), eu queria sentir mais o clima de Veneza.




Saí novamente e agora o entardecer deixava tudo ainda mais bonito.




Foi uma experiência maravilhosa conhecer a cidade no amanhecer e agora vê-la sendo coberta pelo manto da noite... ops! descuido poético-piegas... é o clima veneziano...





Procurei um restaurante para jantar. Difícil era escolher, diante de tantas opções. Escolhi primeiro um bistrô muito simpático, com cardápio apetitoso e preços razoáveis (um pouco acima da média). Mas não fui só eu que achei simpático. Não havia mesas livres sem reserva.

Procurei outro e entrei num restaurante um pouco mais turístico, mas também simpático. Os preços eram melhores do que o bistrô, mas condizentes com o custo de Veneza, uma das cidades mais caras que já visitei.

Comi um "bucatini al frutti di mare", como primeiro piatto:



...e uma cotoleta acompanhada de "contorni", ou seja, uma carne de vitela grelhada acompanhada de legumes diversos, também grelhados...


e pra beber, vinho, é claro!


Depois do jantar, voltei à Praça de São Marco para ver o que acontecia. Foi muito divertido!

Existem alguns cafés na praça que têm pequenas orquestras tocando durante todo o dia para atrair fregueses para as mesas dispostas na calçada.

Acontece que os preços que esses cafés cobram são proibitivos para 78,9% dos turistas, mesmo os que vêm a Veneza. Um café custa 5 euros e você tem que pagar o couvert artístico, de EUR 5,70. juntando a gorjeta do garçon, um cafezinho nesses "butecos" não sai por menos de 12 ou 13 Euros... nada mal, não?

Por isso as mesas ficam assim:


Mas as orquestras continuam tocando e à noite duas delas revezavam, fazendo a alegria de centenas de pessoas que assistiam, em pé, fora da área das mesas, os pequenos concertos. E os músicos, que gostam de aplauso, faziam a maior festa com eles. Foi muito legal passar algum tempo andando com a pequena multidão de uma orquestra a outra tentando escolher qual a melhor ou a mais divertida.

E os garçons... sem fregueses (e lá no fundo, o povão se divertindo aos montes!)


Assim encerrei o dia. Votei ao hotel e dormi logo. Amanhã ainda quero explorar um pouco mais dessa cidade.

Nesta noite começou o horário de inverno na Itália. Os relógios foram atrasados em uma hora, o que me permitiu acordar ainda mais cedo do que pretendia. Saí do hotel, depois do café, antes das 8h30.

E valeu a pena. Aquela multidão que invade os centímetros quadrados disponíveis acorda, na média, depois das nove da manhã. Assim, a cidade era só minha:











Caminhei no sentido oposto ao de ontem, à procura de uma Veneza mais autêntica. Menos turística, eu quero dizer. Durante o jantar de ontem, na mesa ao lado, havia duas mulheres que conversavam sobre a cidade. Uma delas disse que gostaria de conhecer Veneza "quando ainda era uma cidade". A outra não entendeu e ela explicou: "Hoje Veneza não é mais uma cidade. É um espetáculo para turistas." As mulheres eram brasileiras e eu permaneci incógnito.

Não concordo com ela. Tá certo que muito aqui gira em torno do turismo, mas igual a outros lugares do mundo. Tá certo também que em nenhum outro lugar eu vi concentração tão grande de turistas ao mesmo tempo, mas isso também tem a ver com as dimensões restritas das ruas e das áreas não alagadas da Praça de São Marco.

Mas e as pessoas que moram aqui? Trabalham aqui? Quando cheguei, como era bem cedo, pude perceber que quem andava pela cidade não era turista. Eram pessoas indo ao trabalho, carregadores de mercadorias para lojas, mercados, enfim, a vida de uma cidade!

E, apesar de ser domingo, foi assim que vi Veneza no meu segundo dia por aqui. Veja só:









Meio dia voltei ao hotel para fechar a conta e partir. O caminho de volta já não foi tão vazio como na ida...



Na volta à estação, no "vaporetto", ainda tirei mais fotos, simplesmente apontando a máquina e clicando...






Assim foi Veneza. Um delicioso passeio de um dia e meio. Vou embora com gostinho de quero mais. Principalmente porque pude ver a cidade de Veneza e não só o espetáculo para turistas.


Hoje volto a Milão, fechando o ciclo iniciado no dia 13 de outubro, quando saí de lá direto para Praga. Serão dois dias e meio até embarcar para o Brasil e voltar pra casa. Na programação oficial, apenas um compromisso. Mas é "o" compromisso: uma noite de ópera no La Scalla de Milão, o templo máximo da ópera mundial!

No mais, descansar e preparar a mala para voltar.

Já deu saudades...

Até!