Cheguei na cidade perto das 17 horas. A viagem de Veneza foi muito tranquila, num trem rápido. Cheguei na estação e logo procurei o metrô, indo direto para a estação que fica a uma quadra do hotel. Dessa vez levei toda a bagagem comigo.
Na noite do domingo dei apenas uma caminhada pela praça do Duomo e logo voltei ao hotel para jantar. Havia um menu sugerido pelo chef por um preço convidadivo e incluía o vinho. Valeu a pena. Uma comida realmente saborosa: lasanha, mignon e fritas. Veja só:
Na segunda-feira dormi até mais tarde, tomei o café do hotel e saí. A cidade de Milão não é o que se pode chamar de grande destino turístico. Exceto a catedral (il Duomo), a Galeria Victorio Emanuelle, a Santa Ceia de da Vinci e o teatro La Scalla, não há outros grandes atrativos.
A não ser, é claro, que você seja aficcionado pelo mundo da moda e tenha os bolsos cheios. Aí, sim! Milão é o paraíso. Digamos que esse não é o meu caso, apesar de saber apreciar o que é bonito... hehe
Concentrei-me nos pontos principais e gastei o resto do tempo andando pelas ruas de compras, só olhando. No início da viagem já havia visitado a Santa Ceia de da Vinci. Desta vez, então, me aprofundei na visita ao Duomo e fiz meu programa mais esperado: assisti a uma ópera no Teatro La Scalla.
Vamos por partes. No Duomo, comecei pelo telhado. Subindo cerca de 150 degraus (ou pagando um pouco mais e indo de elevador), você pode passear pelo telhado gótico da catedral. Além de belas vistas da cidade, os detalhes das estátuas e da rebuscada decoração da catedral rendem um belo passeio. Veja algumas fotos:









Depois do telhado, fiz o passeio pelo interior da catedral, desta vez com um audio-guia que te dá as principais informações históricas. Independente das capelas laterais e dos vitrais impressionantes, o que mais enche os olhos é a imponência das 52 colunas que sustentam as naves da igreja. Representando as 52 semanas de um ano, as colunas de mármore róseo são hipnotizantes.



Depois dessa visita à catedral, saí caminhando pela Galeria Vitorio Emanuelle II, que fica na mesma praça, dividindo a preferência dos turistas. É uma construção imponente, cuja concentração de pessoas passeando, comprando ou tomando um café é constante das primeiras às últimas horas do dia. Veja fotos:




No extremo oposto à praça do Duomo, a Galeria encontra a Praça do La Scalla, o teatro de ópera mais famoso do mundo. Falarei dele mais tarde...
Mas seguindo a rua do teatro em direção à Estação Central, você chega no chamado Quadrilátero d'Oro, ou quadrilátero dourado.
É a região delimitada por quatro ruas principais e outras secundárias onde há a maior concentração de griffes por metro quadrado que se tem notícia. É aqui que os endinheirados se aglomeram para conhecer - e comprar - os últimos lançamentos (últimos mesmo!) de Armani, Gucci, Dolce & Gabanna, Chanel, Prada, entre outros.
O passeio vale pela produção das vitrines e por se divertir diferenciando as pessoas que estão ali para comprar das que estão só de curiosas... como eu! Tirei algumas fotos, mas às vezes dava medo da cara dos seguranças... hehe








Do quadrilátero voltei caminhando para o hotel, pois à noite tinha a ópera no Scalla.
Saí um pouco mais cedo para jantar antes do teatro. Escolhi um dos restaurantes da Galeria Vitorio Emanuelle e saboreei, de novo, um ossobuco de vitela com risoto milanês... isso é uma delícia, acredite! Antes, como entrada, outra instituição italiana: prosciutto crudo e mozzarela de búfala. Apetitoso, não?
Do restaurante, fui direto para o teatro. Cheguei meia hora antes do início, só para curtir cada momento. A fachada do teatro é instigantemente sóbria. Não tem absolutamente nada que faça imaginar a suntuosidade de seu interior.

E lá dentro, um arrepiozinho de prazer ao imaginar todas as estrelas máximas da ópera e da música clássica que por ali passaram. Da diva Maria Callas ao "divo" Paravarotti. De Beniamino Gigli a Caruzo.
E os compositores? Hoje são estátuas de Rossini, Verdi, Donizetti e Bellini que decoram o saguão principal. Mas em outros tempos, eles andavam por aqui nervosos antes da estréia de suas obras ou recebendo os cumprimentos por sua genialidade.
E hoje, eu estava aqui. Passei pelo saguão, entreguei o ingresso que havia comprado há mais de um mês e recebido em casa, pelo correio. O saguão é razoavelmente pequeno, com quatro colunas em estilo coríntio, cujos capitéis dourados reluzem à luz das inúmeras lâmpadas de dois enormes lustres de cristal.
Mas o saguão ainda não traduzia a suntuosidade do auditório. Subi a pequena escada em direção à platéia, onde ficava o meu lugar, e curti cada degrau que eu pisava. Furtivamente tirei uma foto, tentando demonstrar qual foi a minha primeira visão do interior do teatro:

Digo furtivamente porque fotos não eram permitidas. Lembram do meu incômodo no concerto de Viena sobre a liberalidade com fotos e flashes? Pois é... aqui, no Scalla de Milão, a formalidade impera. E quer saber... não me incomoda nem um pouco!
Tirei ainda mais duas fotos, antes que um dos recepcionistas me repreendesse...


Guardei a câmera e o resto foi prazer. Alguns podem achar que estou exagerando, mas foi a acústica mais perfeita que pude experimentar num teatro. Eu estava sentado próximo das últimas fileiras e a sensação é que eu estava ouvindo um CD de ópera com fone de ouvido. Pode rir. Foi exatamente essa a sensação que eu tive.
O som da orquestra, a voz dos cantores, tudo era perfeito. A música não era conhecida, pois a ópera Idomeneu não está entre as mais populares, mas o compositor é Mozart e a qualidade musical está assim atestada.

Enfim, foi uma noite memorável. Meu objetivo em Milão estava cumprido e agora bastava esperar a hora de ir embora!
E foi praticamente o que fiz. No dia seguinte, caminhei por outras áreas da cidade, como o bairro de Brera e o Parque Sempione, onde fica o Castelo Sforsesco, uma fortaleza medieval muito bem conservada que hoje abriga alguns museus. Veja fotos:






À noite, resolvi procurar um restaurante típico para fazer meu último jantar desta viagem. Escolhi a Trattoria Milanese, pois, pelo guia, era típica e de cozinha excelente. E estavam certos!
Pedi um tagliatelli al pomodoro como primo piatto...

E um cotoletto alla milanese para secondo piatto. O engraçado aqui é que na hora de pedir eu pensei: "vou pedir essa carne alla milanese para saber o que é tipicamente milanês". Quando o prato chegou, deu vontade de rir, pois em Milão, alla milanese é exatamente a mesma coisa que à milanesa no Brasil... hehe. Mas valeu a pena. Estava tenra, crocante, deliciosa!

E o acompanhamento do prato, sugerido pelo garçon, estava divino. Aspargos frescos salteados na manteiga e no parmesão.

Para beber, vinho, é claro!

Como era o último jantar da viagem, esbanjei, esnobei e exagerei: para sobremesa, na Itália, um legítimo tiramisú... acompanhado de um vinho licoroso, também sugerido pelo garçon e biscoitos de amêndoas, que deveriam ser molhados no vinho, conforme explicado pelo garçon...


Ai, ai... fechei com chiave d'oro as minhas explorações gastronômicas.
E foi assim. No dia seguinte, quarta-feira, dia 28 de outubro de 2009, arrumei a mala, fechei a conta do hotel, saí para uma última caminhada e, pra acabar sugestivamente...
Saboreei essa legítima pizza italiana e fui pro aeroporto.
Il viaggio è finito!
Obrigado pela companhia e em breve pretendo publicar os detalhes do planejamento, com os sites que usei nas reservas e nas pesquisas que fiz durante os meses que antecederam.
Mas por enquanto, só posso dizer: até a próxima!
E vai ser logo, acredite!