domingo, 21 de setembro de 2008

Alerta! Londres pode provocar taquicardia.

No dia 22 de agosto parti de Swansea às 11h30 num trem rumo a Londres. Duas horas e meia depois, já estava desembarcando na Victoria Station, um dos maiores terminais ferroviários da cidade.

Como a mala estava razoavelmente pesada, não arrisquei pegar o metrô. Taxi nessa hora não é luxo. Na trajeto até o hotel fui observando o movimento da cidade, as lojas, os parques, os teatros, os cartazes, anúncios, letreiros, assista isso, não perca aquilo, hoje à noite veja..., só até dia tal...

SOCORRO!



É por essa carga de informações e overdose de entretenimento que Londres pode provocar taquicardia e excesso de vontade de fazer coisas... qualquer coisa! Foi mais ou menos assim que eu me sentia quando cheguei ao hotel. Se eu seguisse o impulso, pediria para levarem minhas malas para o quarto e sairia correndo para a rua.

Mas não fiz isso. Entrei no hotel precisando respirar um pouco e pensar: só tenho quatro dias aqui e não adianta querer ver e fazer tudo. É muita coisa. Muita mesmo!

De qualquer forma, a respirada foi bem rapidinha e já saí caminhar pela cidade. O hotel ficava perto do Picadilly Circus, centro comercial londrino. Perto também de muitos teatros e de vários quiosques que vendem ingressos para os inúmeros espetáculos em cartaz. Como já era quase fim de tarde, resolvi comprar um ingresso e iniciar Londres em grande estilo.

Minha primeira intenção era assistir "Mamma Mia", até porque o filme estrearia logo e queria poder comparar. Mas acho que todo mundo teve a mesma idéia, pois não tinha mais ingressos para aquela noite. Comprei para "Wicked" e não me arrependi.



O musical conta a história de duas bruxas, ambas personagens do clássico "O Mágico de Oz". Mas a história se passa antes da menina Dorothy chegar ao País de Oz. Maravilhoso. Superprodução em cenários, figurinos, maquiagem - a bruxa má ficou assim porque nasceu verde(!), então imaginem a perfeição da maquiagem.

Obviamente não dava para fotografar, mas peguei um anúncio em flash do site oficial e dá pra ter uma idéia. Clique nos vídeos. Se quiser saber mais, o endereço do site é: www.wickedthemusical.co.uk.



Voltei para o hotel de metrô e caminhando pela noite. Agora mais calmo e acostumado com o ritmo da cidade. Já estava em condições de planejar o que fazer no dia seguinte... sem afobação nem taquicardia!

Quem disse que eu gosto de cerveja?

Acordamos mais tarde naquela quinta-feira, dia 21 de agosto. O plano era um dia normal na cidade. A Soraia tinha algumas coisas pra fazer e eu queria dar uma olhada pelo centro... comprinhas, talvez!
Aproveito para publicar algumas forinhos de lá:









E assim o dia passou rapidamente. Além de umas comprinhas, conheci a biblioteca pública da cidade. Um show! Fiquei com vontade de ficar lá pesquisando, lendo, acessando a internet ou só olhando a vista das janelas, para o mar de Swansea...

Voltamos pra casa por volta de quatro e meia, quando a Soraia preparou o prato principal que comeríamos na noite anterior. Um caprichado espaguete à bolonhesa... ai, ai... sem comentários! E esse tem foto:



Depois de comer muito, ainda bem que fomos a pé até o festival da cerveja!

Pense agora o que você imagina de um festival. Ok, agora imagine sendo um festival da cerveja. Ótimo. Garanto que a maioria imaginou barraquinhas com comidinhas, bandeirolas, muita música e colorido para consumir muita cerveja!

Errado...

O lugar era um salão de eventos da prefeitura, com um pé direito altíssimo. Em toda a volta, balcões com barris de cerveja, todas devidamente identificadas. Eram cerca de 100 variedades (isso mesmo, "cem" cervejas diferentes) trazidas pelas pequenas fábricas locais.





As pessoas (80% homens) ficavam em pé pelo salão em rodas de conversa com o copo na mão... não tinha música, nem bandeirolas coloridas, nem comidinhas...

Você pagava 5 libras para entrar e ganhava um copo (de meio litro). Cada cerveja custava em torno de 2 a 3 libras, mas dava pra pedir só a metade do copo. Grande pedida, considerando que com o copo cheio ficaria difícil experimentar as 100...

Tomei a primeira. Saborosa, com um leve amarguinho no final. Pena que não são muito geladas...
A segunda: cerveja escura, sabor meio caramelizado, uma delícia! Dessa eu lembro o nome: The Welsh Black.
A terceira: escolhi pelas descrições que estavam coladas nos balcões. Aquelas que têm a palavra "bitter" são as mais amargas. Escolhi uma de cor caramelo com "bitter" só no finalzinho...
A quarta: cerveja, é claro. É disso que eu to falando, eu acho... foi boa. Gostei. Mas acho que o gosto tava meio parecido com a anterior... ou será que foi com a segunda?
A quinta: também lembro o nome: "The Last Lion of Britain". Isso lá é nome de cerveja? Pelo menos o último leão da bretanha era saboroso... ou não era? Sei lá.
A sexta: sexta? mas não era quinta-feira? sei lá... era cor de cerveja e gosto de cerveja (hic)...
A sétima... teve sétima, ou pulei para a oitava? Não lembro... só sei que começou uma música. Um grupo de velhinhos começou a tocar jazz... e as conversas parecem bem animadas! Música? Opa! Agora tá parecendo festa... ou será a cerveja?



A oitava... nossa, como eu entendo bem o inglês dos amigos da Soraia! E eles também me entendem.... ou tudo está engraçado por si só? E que turma animada!



A nona... foi oferta do Gary. Não se recusa. É desfeita. Gente boa esse Gary.
A décima. Outra oferta do Gary. Ele é bacana mesmo, viu? Disse que quer conhecer o carnaval do Brasil. Só alertei para não começar por Curitiba... o carnaval de lá não é tão animado como esse festival da cerveja... (hic, hic)...



Chega. Atingi os dez por cento das variedades e o festival acabou por hoje. Às 23 horas eles param de vender cerveja. Se quiser mais, só amanhã!

Fomos de taxi pra casa. Que bom que sobrou espaguete!



Água e cama!

(hic)

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Stonehenge!

Começamos o dia com o café do hotel. Agora com a luz do dia percebemos que o albergue era na verdade um tipo alternativo de "hotel-fazenda". Havia passeios pela propriedade, com direito a ver a criação de porcos, coelhos, galinhas, gansos, cabras... certamente eu não imaginava conhecer uma propriedade rural no interior do Reino Unido. E essa é uma das coisas que faz uma viagem especial!

Não é bonito?


E tinha porco, galinha, cabra... essa aí até simpatizou comigo...



Após o passeio na fazenda, pegamos o carro e nos dirigimos a Stonehenge.
Nós dois havíamos escutado histórias de que a visita ao monumento de pedras era um pouco frustrante. Não se pode chegar perto demais e muito menos tocar nas pedras milenares... Não faz mal! A sensação de conhecer esse lugar tão vivo no NOSSO imaginário foi indescritível.



Paga-se 7 libras para entrar e recebe-se um áudio-guia (um aparelho tipo um radinho para ouvir as explicações e histórias). Quando a gente entra, dá de cara com o círculo de pedras e segue-se por uma calçada circulando todo o monumento.



A imaginação voa longe enquanto se observa as pedras... Até um rosto nós vimos na formação abaixo:


Por ser um lugar carregado de muito misticismo, dado o mistério que envolve sua história, alguns ativistas reclamam da exploração comercial pela instituição que administra os sítios históricos do Reino Unido. Com faixas do lado de fora do parque eles deixam claro o descontentamento:


Curti demais, já que esse era um sonho antigo, de criança, quando ganhei da minha irmã Lígia, um livro com as maravilhas do mundo. Meu pai também tinha um livro grosso, de capa dura, que eu adorava pegar só para ver as figuras... e as preferidas eram Stonehenge.



Pois bem... sonho realizado!


Depois de Stonehenge, pegamos a estrada para Bristol, onde pretendíamos ver se rolava a apresentação de Shakespeare que eu vi na internet. Não rolou. O tal festival que eu vi na internet era inexpressivo. Não se via placas na cidade, as pessoas não sabiam do que se tratava e o local da apresentação era uma praça e, pelo que conseguimos descobrir, seria ao ar livre... até aí tudo bem, se não estivesse chovendo!

Algumas fotos da cidade ainda deu pra tirar!





Visitamos a catedral de Bristol, um belíssimo exemplar da arquitetura gótica britânica e fomos pra casa!







Em Swansea passamos num supermercado (quase fiquei doido, considerando a minha "pequena" atração por produtos diferentes) e a Soraia preparou um jantar pra nós. Quer dizer, ela preparou a entrada e já foi tão bom que dispensamos o prato principal.

Não tem foto... mas o sabor era maravilhoso! Torradas com azeite de oliva acompanhados de pimentões refogados também no azeite de oliva e queijo de leite de cabra derretido com ervas... uma iguaria que não dá pra parar de comer!
Ah, o vinho coroou a noite!

Mas depois de tudo isso, o jeito era ir dormir... e assim se encerrou a viagem de três dias.

Mas ainda tinha um dia em Swansea e ficamos por lá. Especialmente porque à noite já está marcado para prestigiar um festival da cerveja (!). Não pela cerveja, é claro, mas para prestigiar uma festividade local, ovbviamente.... hehehe

No próximo post!

A viagem já acabou... o blog não!

Pois é... a viagem já acabou e eu já estou no turbilhão do trabalho, em meio a muitas correrias que fazem o meu dia-a-dia.

Mas eu não posso deixar esse blog incompleto e por isso mesmo vou voltar lá atrás e publicar todos os relatos dos dias que passaram sem notebook. Pra mim, uma deliciosa maneira de recordar... para o ilustre leitor, mais um pouco de diversão... assim espero!

Os posts sobre a viagem com a Soraia eu escrevi no trem indo de Swansea para Londres. Uma viagem agradável e rápida. Nada como um notebook para adiantar as histórias da viagem! Pena que logo que cheguei em Londres ele não ligou mais...

Mas vamos à viagem:

O terceiro dia com a Soraia (19.ago) começou com o café da manhã no quarto daquele Hotel Formule 1 em Liverpool... não exatamente um breakfast, mas as esfihas e o bolo de banana que a Soraia fez e levou na viagem estavam magníficos! Acompanhados de café de máquina, tudo perfeito!

Saímos para visitar a Tate Liverpool, galeria de arte onde acontecia uma exposição de Gustav Klimt. Interessante para conhecer, entretanto, a exposição tinha relativamente poucos trabalhos de Klimt, pois incluía outros artistas do grupo dele, incluindo designers e arquitetos.

O que realmente valeu a pena pra mim na Tate Liverpool foi a oportunidade de ver de perto alguns trabalhos de Andy Warhol, o pai da "pop-art". Lembram daquela figura da Marilin Monroe com os cabelos pintados de amarelo e a roupa de rosa pink? Pois é, o original dessa obra tão difundida e copiada estava lá!

Não é permitido fotografar as obras... então, segue foto de uma das janelas da Tate Liverpool... já é alguma coisa!



Saímos da Tate e entramos noutro museu. Aliás, esse espaço chamado Albert Docks é um centro cultural e gastronômico de primeira. Virou moda nas grandes cidades litorâneas transformar galpões antigos em espaços culturais. Vide Puerto Madero em Buenos Aires. Liverpool não foge a regra e soube aproveitar muito bem os espaços.




O segundo museu que entramos tem vários andares e cada um deles dedicado a um tema. Visitamos o museu da escravidão, onde pode-se conhecer um pouco dessa triste passagem da história da humanidade. Liverpool era um dos portos que recebia navios de escravos vindos da África. Por isso esse museu foi montado aqui.

Passa-se pela cultura africana, a rota da escravidão no mundo (incluindo o Brasil), vê-se imagens chocantes da própria escravidão e finalmente a influência da cultura negra em todo o mundo.

Ouvimos uma música de Paul Robeson, Ol' Man River, que meu pai adorava... e eu ouvia o LP quase todo dia quando era criança... ai, ai... bom lembrar dessas coisas.

Noutro andar do prédio passamos rapidamente só para ver uma réplica do Titanic e alguns objetos recuperados do navio que estavam ali expostos. O navio saiu do porto de Southampton, na Inglaterra, mas a tripulação tinha vários integrantes originários de Liverpool, o que motivou a inclusão desse navio no museu aqui.
Pelo menos é o que eles dizem... puxando descaradamente a sardinha para a brasa liverpooliana...até no que diz respeito a uma tragédia gigantesca como essa.



Saímos do museu e caminhamos um pouco pela cidade enquanto aguardávamos a concessionária avisar que o carro estaria pronto (lembram do mico, né...).
O passeio rendeu mais algumas imagens da cidade dos Beatles:







Mas mesmo depois do passeio, ninguém ligou da oficina. Foi preciso telefonar várias vezes pra eles até que pudéssemos pegar o carro e seguir viagem. Com esse contratempo, modificamos o plano inicial e cortamos a península da Cornualha do roteiro. Fica para a próxima!

Saímos de Liverpool por volta de cinco e meia da tarde com destino a Stonehenge. Tínhamos reservado um hostel (albergue) pela internet e iríamos direto para lá.
Apesar da preocupação em chegar à noite num lugar desconhecido, foi muito legal viajar pelo interior da Inglaterra, em estradinhas estreitas no meio de bosques e fazendas. O próprio albergue era em uma fazenda.

Aliás, mais uma boa surpresa na hospedagem. Demoramos um pouco para encontrar e chegamos umas duas horas depois do previsto inicialmente. Mas o albergue era praticamente um hotel, não fossem os quartos com beliches e a cozinha e sala comunitárias.

Tivemos sorte que não estava cheio, de forma que pudemos ficar os dois no mesmo quarto, sem mais ninguém. Do contrário, ficaríamos separados, pois há quartos para homens e outros para mulheres.
O banheiro era no quarto e tudo era novinho em folha! Melhor ainda: o café da manhã estava incluído na diária de 19 Libras por pessoa.
Mea culpa: não tirei fotos do hotel... imperdoável!

O quarto dia com Soraia vem no próximo post!

Até!